sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Bélgica: peculiaridades

Aqui, as pessoas não roubam bicicletas


Ou então elas são muito ingênuas. Praticamente ninguém usa correntes para prender a bicicleta, eles usam uma chave para travá-la, no mesmo estilo de um carro: para andar, você tem que deixar a chave no "painel", abaixo da sela da bicicleta, e a retira quando a estaciona, o que tranca a sua roda traseira. E eles não as prendem com uma corrente, simplesmente largam-na em algum canto.

O "painel de controle" da bicicleta: nada de correntes.


No Norte da França, isso seria impensável: as bicicletas que alugamos têm duas travas: o "painel de controle" mais a corrente. Em Brugges, quando fomos alugá-las, pedi uma corrente, mas eles não tinham. Fiquei morrendo de preocupação com as bicicletas, mas acabamos percebendo que quase todas são deixadas assim. E, no fim do dia, quando voltamos para buscá-las, elas ainda estavam lá. Ufa.


A Bélgica tem quatro línguas, só que às vezes só tem uma


Oficialmente, temos o holandês, o francês e o alemão. E ainda tem o flamengo, uma espécie de variante do holandês.

Na verdade, Bruges fica tão perto
da Holanda quanto da França.
Mas nada de francês. :(
Aí pensei "legal, vamos nos virar tranquilamente por lá com o francês e, de quebra, com o alemão". Certo?

Errado. É verdade que na capital, Bruxelas, praticamente todo mundo fala francês, nem parece um outro país. Mas em Bruges, que fica mais próximo da Holanda, fica impossível achar francês, praticamente tudo está escrito em flamengo/holandês. 

Gente, percebi que foi a primeira vez em que visitei um lugar em que eu não falava a língua! Eu já estive nos Estados Unidos, na Alemanha e na França, estava acostumada a entender tudo o que está escrito nas placas, entender o que as pessoas falam... mas flamengo é incompreensível! Me deu uma agonia, socorro.

Só que, graças aos céus, todo mundo, praticamente sem exceção (ao menos em Bruges, que é muito turística), fala inglês. Fica mais fácil encontrar gente que fala inglês do que gente que fala francês.

A gloriosa exceção fica nas estações de trem. Apesar de tudo ser anunciado em flamengo, ao menos algumas poucas placas estão escritas também em francês. Pelo menos, dá para entender qual trem pegar.

Toestel buiten dienst? Dank U!

Mas é verdade que eles ficam super faceiros se você demonstra interesse na língua deles. Eu perguntei a duas pessoas de lojas diferentes como se diz qualquer coisa em flamengo e as perguntas foram recebidas abertamente com um sorriso. Aprendi a dizer "obrigada" (dank U) e "bom dia" (goeiendag).

Preciso dizer que o flamengo é l-i-n-d-o e hipnotizante. Ele já está incluído na minha lista de línguas a aprender algum dia.

As estações de trem são escondidas


Gente, eles não sinalizam as estações de trem! Quase morremos afobados para achar a estação de trem em Bruxelas, na volta: por dez minutos, quase perdemos o trem, e nada de encontrar a estação.

Aí encontramos um edifício grande, com trilhos de trem perto e com quatro pilares de cores diferentes e descobrimos se tratar da estação de trem. Mas nada de Gare ou Train Station ou Treinstation ou qualquer coisa que o valha escrito na frente. Simplesmente pilares coloridos.

A estação de Bruges ainda é bem sinalizada:
a de Bruxelas não tinha n-a-d-a escrito, só os pilares.
Ao passarmos por outras estações, percebemos que os quatro pilares (ou, às vezes, quatro bandeiras suspensas) estão lá para sinalizar estações de trem. É um código secreto que só belgas podem entender. Provavelmente deve ser o esporte preferido dos belgas que trabalham nas estações de trem: apostar quantos turistas perdem o trem por dia.

É sempre divertido sair e explorar um outro país. Mesmo tão perto, os países daqui são tão diferentes, têm identidades completamente distintas. E aí mesmo uma brasileira e um francês, gente que mora a 10 km da Bélgica, podem acabar completamente perdidos por aqui. A gente se diverte com essas aventuras. 

Um comentário:

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