sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O "golpe" das maquininhas do metrô

Do transporte público de Lille eu não tenho do que reclamar.

Primeiro, ele é super bem integrado: com um cartão, temos acesso a metrô, ônibus, tram, bicicleta, trem regional e aluguel/estacionamento de carro, em toda a região Nord-Pas-de-Calais. 
O cartão "Pass Pass"

Segundo, é super acessível. Para quem tem até 25 anos, o acesso ilimitado a metrô, ônibus e tramway custa 28 euros por mês. O preço para os mais velhos fica em 45,50€. Fica ainda mais barato com assinatura de um ano.

Terceiro, nada de catracas. Acho lindo isso, não gosto de catracas. Aqui, eles simplesmente confiam que você pagou pelo uso que está fazendo do transporte público.

Integração do transporte em Lille
Mas tem um grande problema: ter que usar maquininhas para comprar os bilhetes.

Para quem não sabe, na França (acho que na Europa em geral), praticamente tudo é vendido por máquinas, não por pessoas. Quer comprar um bilhete de metrô? Maquininha. Validar o bilhete de trem? Maquininha. Comprar selos e enviar cartas? Maquininha. No supermercado, pesar as frutas? A maquininha o fará. Há inclusive caixas de supermercado que já são completamente automatizados, a gente passa todos os produtos sozinho.

Bom, no sábado, um dia depois que cheguei, lá fui eu recarregar meu cartão pass pass... o Edu queria me mostrar como o troço funcionava e falou pra eu colocar uma nota de 50 euros lá, a maquininha dava troco e tudo. Só que aí, eu coloquei a nota lá...

Cancelado. Cancelado. Cancelado. Tela inicial.

Ela engoliu minha nota e fingiu que nada tinha acontecido, minha gente! Alguns chiliques mais tarde, nos demos conta que esquecemos o celular, passamos em casa para ligar para a Transpole (companhia de transporte de Lille) e voltamos para a cena do crime. E bem, de acordo com eles, não é que era um crime mesmo?

Eles disseram que isso já aconteceu antes: alguém* coloca um pedaço de papel no lugar em que as pessoas colocam o dinheiro, o que causa a máquina a dar tilt quando alguém a usa. Teoricamente, a máquina ejeta a nota por um outro buraco logo embaixo, impossível de se enxergar para nós, meros mortais distraídos. Aí a vítima vai embora e o alguém recupera o dinheiro do pobre trouxa que saiu para buscar o celular em casa.

* Na verdade, eles não disseram "alguém", e sim "um rom" (os rom são pessoas que vêm da Romênia, geralmente ciganos e pobres). Gente, é sério que eles são xenófobos assim?! Simplesmente assumir que quem é criminoso vem de fora... fiquei em choque!

Então, o que fazer? Pensei que eles podiam simplesmente abrir a máquina para ver se ela, na verdade, não tinha só dado um pane e comido a minha nota. Mas não, isso no sistema francês parece não ser possível. Me mandaram ir na delegacia de polícia, fazer um B.O, mandar o B.O para eles por e-mail (ufa, pelo menos não é por correio) e esperar que o serviço ao cliente nos reembolse. O resultado disso tudo é que, quase três semanas mais tarde, ainda não vi cor da minha nota.

Bem, fim de história: hoje, voltando para casa, vi um monte de gente aglomerada na frente da maquininha, alguém a desmontando e tentando entender o que estava acontecendo. É, pelo jeito, ela fez mais vítimas... e duvido muito que tenha sido culpa de um "alguém". Mas bem, fazer o quê, se os franceses são têtus?

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Frio? Que frio?

Enfim, depois de ter chegado há uma semana - e a internet ter se recusado a funcionar desde então - escrevo para dizer que sim, cheguei bem e estou viva, feliz e bem, obrigada.

Eu cheguei no dia 17 de janeiro, completamente aterrorizada com a ideia de chegar em pleno inverno europeu. Eu, pobre ser caipira que nunca viu neve na vida, me imaginava brincando com esquimós e construindo um iglu pra morar, se não morresse congelada até conseguir comprar alguma roupa pra frio.

Mas que nada! Que alívio foi chegar aqui e descobrir que o inverno francês deste ano está menos frio que o inverno curitibano do ano passado. E, com aquecimento em casa, realmente não há do que reclamar. Vejo os franceses desfilando com casacões gigantes no frio de 10 graus e acho fofo.

O que eu esperava encontrar:



O que eu encontrei:




A temperatura varia de 2 a 10 graus. Acho que a única coisa que eu estranho são as árvores todas parecerem que morreram, coitadinhas. Ah, sim, e que às 6 da tarde estamos no mais completo breu. É meio triste anoitecer tão cedo, mas realmente, o inverno está bem mais tranquilo do que eu esperava.

E hoje o clima fez um pequeno tributo a Curitiba, com as suas mudanças bruscas de humor: sol e "calor" de 8 graus pela manhã, e duas horas depois, tudo escuro, frio e chovendo.

Acho que não vou ter problemas pra me acostumar com a França não...

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Dezesseis

Não foi à toa o hiato.

Muita coisa aconteceu durante esses últimos meses, muita coisa mesmo. E, quando tudo muda assim, não nos resta senão o silêncio.

Mas o que importa é que, no próximo dia 16 - não mais que sete dias! - embarco definitivamente para a terra do croissant. Assim mesmo, sem perspectiva de voltar, sem a mínima ideia de como minha vida estará em seis meses. Assim mesmo.

Bye bye, Brasil! (Mas não adianta, a última ficha ainda não caiu...)
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