sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Vida de acadêmica (casada)

Ah, o amor 
Daí que, pra voltar pra faculdade, precisa de coragem. Como tudo muda!

Pra começar, o modelo de escola aqui é bem pesado. Geralmente, é em período integral: os alunos começam de manhã, umas 8h, e seguem até as 18. Na minha facul, ainda dei "sorte" de não ser tão intenso assim. Nas quintas eu tenho inclusive a tarde livre! São 30 horas de estudo por semana e mais 30 horas de coisas pra fazer em casa.

Aí tem os colegas. São uns queridos e eu adoro eles tirando aquele menino loiro com atitude esnobe. Mas é engraçado como somos de universos completamente diferentes!
Sou a mais velha do curso, mas até que tem uns outros perdidos de 21-23 anos, nada muito fora do normal. Mas o que me faz merecer o título de "pessoa exótica" não é o fato que eu seja a mais velha ou a única estrangeira da sala... mas que eu seja casada.

Foi na primeira aula de inglês (gente, muito engraçado e awkward ao mesmo tempo voltar a ser aluna de inglês! Mas decidi não pular o curso porque tem sido a minha única chance de praticar de vez em quando a língua). A professora, uma escocesa muito querida, mas que tem sérios problemas de planejamento de classe, foi a única que quis saber sobre nós aluninhos, de onde viemos, o que fizemos e para onde vamos. Aí chega a minha vez de me apresentar...

— Então, Ana! Eu fiquei sabendo que você era professora de inglês antes (todos me olham com olhos arregalados, e minha resposta natural é virar um pimentão), mas me conte um pouco mais sobre você.
— Eu tenho 24 anos, morava no Brasil e fiz estudos em direito. Só que eu não gostei do meu curso, não quero trabalhar com isso e pretendo cursar animação.
— E por que a França? O que te trouxe pra cá?
— Meu marido mora aqui. 

E aí que a sala entrou em caos total, todo mundo chocado e fazendo comentários por todo canto. Enfim, depois desse episódio, fiquei sendo conhecida como a "madame", a moça casada. Porque sério, só os doidos e os velhos se casam (?).

(Nota cultural: o francês se casa cada vez menos e cada vez mais tarde. A média de idade do primeiro casamento está em 32,2 anos pros homens e 30,2 anos pras mulheres - e isso que a idade média geral do casamento está entre 34 e 37 anos. Não minto! É o segundo povo europeu que mais casa tarde, atrás apenas dos suecos)

E isso há 10 anos...

E eu em toda minha inocência de choque de culturas, acho super engraçado que eu tenha colegas que moram junto com namoradx e isso pareça normal, enquanto que ser casado é a coisa mais E.T. que existe. Sinceramente, na prática, tem alguma diferença?


4 comentários:

  1. HAHAHAHA Imagino o povo na sala: chocado! hahaha Sabe, Ana, na minha cabeça também não vejo diferença nenhuma entre morar junto e ser casado maaaaas, eu acho que pra eles tem sim! Vejo pela família aqui que só eu e meu marido somos casados. Os outros moram juntos e tem até filhos grandes, já, tem a relação registrada, compras em comum e os filhos, mas quando falam enchem a boca pra chamar o outro de namorado ou namorada ou dizer que são solteiros. Muitas vezes, cada um tem a sua vida, fazendo coisas diferentes no fim de semana, por exemplo, planejam até viagens sem o parceiro(a). Eu sinto sim uma certa diferença entre casados e os que moram juntos. Boa semana pra vc!

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    1. Hahaha, sério isso? Não imaginava! :O Acho mesmo engraçado essa grande diferença cultural que há sobre a ideia do "ser casado". Obrigada pelo insight, Eliana!

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  2. Hahaha acho que na Europa as coisas são assim mesmo. Conheço vários europeus que morar juntos há 5,10, 20 anos e ainda se dizem namorados! Mas já têm filhos e toda uma vida de casados. Porque na nossa cabeça de brasileiro a única diferença é um papel, tanto que há pessoas que não se casam oficialmente mas se sentem casadas.

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    1. Pois é, é doido essa diferença cultural do que é o casamento.

      Eu lembro ainda de quando o Edou chegou com a ideia que a gente abra uma conta e começasse a juntar os trapos (a gente se conhecia e era namorado há pouco tempo), e eu achando que ele tava querendo levar a relação pra próxima etapa... e, uma semana depois, ele disse que, se a gente casasse logo, seria em uns dois anos... Minha cabeça entrou em tilt! Achei que ele tava me enrolando, haha... Ficamos os dois perdidos até que a gente se dê conta que era uma diferença cultural.

      Mas aqui funciona assim mesmo: uma grande "recompensa" depois de uma longa jornada juntos. Mas, bem, pra mim não deixa de ser um papel... ou então, o começo de uma vida juntos.

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