quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Amigo secreto para expatriados

É, logo o natal chega...

Este post é para os expatriados que de param por aqui de vez em quando (especialmente para aqueles que gostam de trocar correspondências).

A Diane, expat americana de um de meus blogs preferidos (Oui in France) está organizando um amigo secreto entre expatriados do mundo. Um pouco de amor natalino para as pessoas que às vezes se sentem como um peixe fora da água é sempre bom, não é? 

Quem quiser participar pode mandar um email para ela: ouiinfrance arroba gmail ponto com, dizendo de onde vem, onde está e se tem alguma restrição alimentar. Até o dia 15 de novembro, está valendo!

Importante: como é internacional, precisa saber se comunicar em inglês.

Fica a dica pra quem quiser. Divirtam-se! ☺

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pas de nouvelles, bonnes nouvelles

É, pois é. Faz um tempinho que o blog anda abandonado.

Mas é como os franceses dizem: "pas de nouvelles, bonnes nouvelles" (não ter notícias significa boas notícias: as pessoas geralmente só ligam pra anunciar coisas ruins que aconteceram). Não sei se concordo com essa expressão um tanto pessimista, mas, apesar dos pesares, tudo vai bem neste meu canto do mundo. 

O casamento foi lindo. Bem simples, só a família mais próxima, bem do jeito que a gente queria. E não pude estar mais feliz com a presença da minha tia e do meu irmão, que atravessaram o mundo só pra me ver de branco com um sorriso de orelha a orelha.

Um mês mais tarde, o resto da família veio visitar: pai, esposa do pai, mãe da esposa do pai, irmão caçula. Foi só alegria! É realmente muito bom ter a família por perto, melhor do que a gente se dá conta.

Volta e meia me bate o mal por excelência dos expatriados: a saudade. Amigos e família, cadê vocês? Por que estão tão longe?

Mas a gente vai levando.

A gente se adapta também, a tudo. Aprende a língua (os franceses me descobrem rapidamente pelo meu sotaque, mas juram que se impressionam com o meu francês), os costumes (não esquecer de dizer "por favor, obrigado, tenha um bom dia" várias vezes para pedir um croissant), as gafes (nem comentar! Cada coisa) e vai redescobrindo aos poucos que é divertido ser diferente.

Enfim, respirei fundo, tomei coragem e decidi mergulhar fundo no meu grande sonho de adolescência: estudar animação. Voltei pra escola e estou (re)aprendendo a desenhar com pimpolhos de 17 anos. É uma alegria imensa.

Tome cuidado ao pegar o metrô em Lille:
você pode estar sendo desenhado.

Estes meses têm sido muito intensos, uma verdadeira redescoberta da vida. E aos poucos tenho aprendido a ter a coragem de segui-la, retransformá-la como eu gostaria. Tem dias que eu me sinto um literalmente um alien, um verdadeiro pária, mas tem dias que eu sinto orgulho de minha luta.

Tenho ainda muito a escrever, só tenho menos tempo. Mas não desapareci! Não sei se ainda tem alguém por aí, mas sei que eu estarei aqui.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

"Donne-moi ton zéro-six"

As coisas vão bem por aqui. O sol brilha mais a cada dia (começa a escurecer às 21h ♥), meu francês tá melhorando e eu consigo esconder o sotaque melhor. Eu engordei, mas (espero) nada que me mate. Volta e meia bate uma saudade dos amigos, da família. Tudo pronto pro casamento, daqui a doze dias (!) Parece que faz uma eternidade que eu deixei o meu país, mas bem: três meses e meio não é pouco tempo.

E bizarrices, como sempre, continuam acontecendo regularmente.

O nome da loja de produtos asiáticos é Paris Store.
Because f*ck logic.
Hoje eu estava ultra contente de ter encontrado uma loja que vende shiitake fresco, polvilho, mamão e mais de um tipo de banana (pois é, nada disso existe por aqui), numa loja especializada em produtos asiáticos perto de casa e acessível de metrô.

Eu voltava saltitando para casa quando, ao sair da estação de metrô, uma menina de rua de uns 7-8 anos sentada num canto me perguntou a hora.

- Desculpa, não tenho não.

E a menina continuou a puxar assunto enquanto eu andava: 

- Madame? Madame?

Eu respondi.

Não gosto de ignorar ninguém, não importam as circunstâncias (contanto que não pareça perigoso), só que o meu francês não me permite de reagir. A menina me seguia, falando algo sobre "ton zéro-six" e "niquer" e eu fiquei sem entender nada. Expliquei pra ela educadamente que eu não falava francês, ela perguntou se eu não entendia "niquer" e eu respondi que não. Quando saí da estação de metrô, ela disse "au revoir", me deu um leve tapinha na bunda (?!) e foi embora, e eu fiquei sem entender se ela queria comida, me roubar ou só puxar conversa.

Cheguei em casa e perguntei pro Edou o que diabo "zero-seis" e "niquer" queriam dizer.

Bem... "donne-moi ton zéro-six" (me dá o seu zero-seis) é uma expressão. Os celulares aqui na França começam pelos números "06" (os mais recentes, 07), então quer dizer, basicamente, "me dá o seu número de celular".

E niquer é uma palavra extremamente vulgar para dizer... fornicar.

Eu já vi muita coisa nesse mundo, mas nada tão perturbante quanto isso. Uma menina de 8 anos pedindo o meu número para... erhm... foder. O que deu de tão errado com o mundo?

Os reais motivos da menina são bem menos perturbantes. Aqui na França, existem crianças que se especializam na "arte" de bater carteiras (o pickpocketing, como os próprios franceses chamam). O que a menina queria era me distrair para ver se eu tinha algo de interessante no bolso - foi sem dúvidas um truque que alguém a ensinou. Não me espantaria (aliás, seria um grande alívio) de descobrir que ela nem sequer entende o significado de suas palavras. O tapinha na bunda era pra ver se eu tinha alguma coisa no bolso. (E claro que não havia: é bom evitar andar com coisas no bolso em grandes cidades)

Acho isso de uma tristeza devastadora. É comum de ver crianças sozinhas no metrô, seja brincando, pedindo por dinheiro ou simplesmente deixando o tempo passar. Crianças que provavelmente passam fome. Que poderiam estar na escola, mas a quem as escolas negam entrada. Crianças invisíveis aos olhos do Estado.

Para mim, país rico é aquele que não fecha os olhos aos seus pobres e vulneráveis. E, infelizmente, tenho dúvidas se existe um - um mísero! - país rico neste mundo...

segunda-feira, 31 de março de 2014

Uma nova vida

Fonte

Faz pouco mais de dois meses que eu cheguei aqui na França. Mas a memória que tenho da vida de antes se torna cada vez mais distante... Dá a impressão que eu literalmente morri e passei para uma outra vida.

Não sei se é um lance de adaptação, mas sei que me pegou de surpresa. A minha vida antes de vir para cá estava super turbulenta: malabarismo com faculdade que eu não gostava, monografia, trabalho, namoro à distância e processo de expatriação. Eu esperava que a vida fosse mais cor-de-rosa quando tudo isso acabasse. Só que as coisas nem sempre são tão simples, não é? 

Eu esperava chegar aqui e me sentir como uma expatriada, tendo que recomeçar a vida do zero, que reaprender a viver em uma nova cultura, quebrar a cara, fazer mil gafes, até finalmente me adaptar. Parecia uma aventura empolgante, uma brasileira na terra do croissant.

Só que aí eu cheguei e percebi que não deveria ter criado expectativas. Eu cheguei e me senti estranhamente em casa. As pessoas daqui não são "franceses", e sim pessoas. A cultura não é um bicho de sete cabeças. Tudo é tão natural. O Du me disse esses dias que às vezes esquece que eu não sou francesa. Pois é, eu também.

Só que não era isso que eu esperava. Eu gostava de quem eu era, e não imaginava que eu ia me abandonar tão violentamente. Perdi a vontade de viajar e descobrir outros cantos da Europa e da França. Perdi a vontade de explorar, de descobrir coisas novas, simplesmente porque as coisas aqui não parecem novas.

E isso me tirou inclusive a vontade de escrever no blog. Pois ele é uma ligação que eu tenho com a minha vida de antes: aqui escrevo na minha língua, para a minha gente, sob os olhos da minha cultura. Só que essa língua, essa gente, essa cultura, não são mais aquelas com que convivo todos os dias. Isso me confunde.

Sinto que perdi o meu passado.

Aos poucos, estou tentando me recuperar. Acho que se sentir em casa não é algo ruim, pelo contrário. Me sinto confusa e perdida. Se algum expatriado (ou ex-expatriado) tiver conselhos, são super bem-vindos.

Pra alegrar um pouco esse post de um tom melancólico, anuncio a nova: vamos nos casar! Estamos os dois muito alegres e doidinhos com as preparações. Ah, les tourtereaux !

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Londres em fotos

Passamos o fim de semana passado em Londres e preciso dizer que saí encantada com a cidade! A cidade tem toda uma atmosfera peculiar que, por mais que eu não seja lá muito fã de grandes capitais/centros turísticos, me cativou.

E vão aí umas fotos da smoke city ("cidade fumaça" - credo, que apelido mais feio pra uma cidade!)

Metrô de Londres
Me chamem de caipira, mas eu gosto muito de tirar fotos e comparar os metrôs das diferentes cidades. E o de Londres, além de enorme, tem cadeiras super confortáveis. A gente ficou com vontade de dormir lá mesmo e não pagar hospedagem! Mas aí lembramos que o metrô para de circular à meia-noite. :(


O metrô de Londres é um dos mais antigos do mundo, e uma das maiores linhas também. Só que você não se dá conta até olhar o mapa para procurar uma estação...

WTF?

Metrô de Londres, não gostamos de você!
Tem também as famosas cabines telefônicas de Londres:

Edu fazendo bico: "por que tirar uma foto tão clichê?"

Já eu gosto de fotos clichês!
Mas não adianta, que a nossa alegria foi... descobrir a embaixada da República Dominicana na mesma rua do nosso hostel. Podia ser quase uma da manhã, mas a gente desviou do nosso caminho para encontrar a bendita. Aleatoridades à parte, quando foi que você já viu uma embaixada da República Dominicana?


Toda alegre na frente da Embaixada da República Dominicana


Falar em vermelho... olha o ônibus aí!

Ônibus vermelho típico de Londres


Acho uma tristeza que todos esses ônibus estejam cheios de anúncios publicitários em todo lado. Quanta poluição visual! E assim vemos os estragos de Tatcher ainda nos dias de hoje...

Este ônibus se recusa a ser um outdoor ambulante.
E tem também as caixas de correios, praticamente inexistentes (passei a manhã inteira segurando esses postais), mas muito bonitinhas.

Turista + Postais + Caixa de Correios vintage = ♥

Algumas coisas que encontramos em lojas de Londres...

Uma loja de sabonetes de tudo quanto é tipo!
Nesse momento, o Edu estava apontando e me dizendo "olha, um queijo chèvre!". E realmente, parecia mais um queijo que um sabonete.

"Brasils" de chocolate ao leite
Achei isso fofo: da mesma maneira que eles chamam a castanha de caju de "cashews" (cajus) e você fica perdido quando quer se referir à fruta (até porque a fruta é brasileira e eles nem sabem de sua existência), chamam a castanha do pará de "brazils". E aí você pode devorar dez brasis de uma vez só, olha que poético!

Barra de chocolate de 1 kg :o
Pirulito gigante
Seriam esses os motivos do Reino Unido ser a nação mais obesa da Europa?

E, por fim, fotos de lugares que fomos e que vale a pena visitar!

Palácio de Buckingham
A.k.a casa da rainha. Não vimos a troca da guarda, não teve naquele dia. :( Mas os guardinhas cinza ainda estavam lá, simpáticos e fazendo movimentos exageradamente teatrais. Não deixa de ser fofo.

Like a star
Saindo de lá, a gente pega essa rua:


E acaba indo parar lá:


Realmente temos que tirar o chapéu para Londres no quesito mobilidade: em uma caminhada, você conhece todo o centro e os principais lugares turísticos. Tem mapa quase em toda esquina e é difícil de se perder. A gente é tipicamente tão perdido (eu não tenho senso de direção, o Edu é pior ainda) e nos achamos tão facilmente!

Big Ben

London Eye
Para quem não conhece Curitiba, tem um carinhoso apelido que seus moradores dão a ela: "a Londres brasileira". O tempo está nublado e/ou chuvoso em 90% dos dias, e quando está bonito e faz sol, sem uma nuvem no céu, em um intervalo de 10 minutos pode começar a chover tempestades.

Eu estava espantada com a capital londrina - afinal, meu primeiro dia de sol na Europa, depois de mais de três semanas, foi em Londres! Poderia a ideia do tempo horrível de Londres ser nada mais que um mito? Mas bem, aí descobri que não e matei um pouco a saudade do tempo curitibano...

London Eye - foto tirada 9 minutos e 48 segundos depois

Claro que precisou cair chuva, né. Mas cinco minutos depois o sol já quis sair de novo.

Londres - silhueta da cidade
Eu tinha muita vontade de andar no London Eye - esse negócio é enorme, tem 135 metros e era a maior roda gigante do mundo até 2008. E daí se, dois meses atrás, eu tive uma crise de retorno de meu medo de altura? E daí se o passeio pra nós dois ia custar 60 libras? É, eu sou teimosa e bati pé que queria ir na roda gigante. Lá fomos nós.
Ana feliz - mas tremendo nas bases - na altura mais baixa do passeio
Só que a roda começou a subir... subir... minha gente, aquilo não parava de subir! Estávamos numa altura que eu considerava além dos limites humanos e não tínhamos subido nem um quarto. E descobri que, pois é, recentemente voltei a ter medo de altura... :'(

A menos de um quarto da viagem
Lá, eu ainda conseguia andar e tirar fotos, ignorando que eu já não sentia minhas pernas. E aquele negócio andava muito devagar, volta e meia parava por alguns minutos... e eu lá, em pânico, já me despedindo da minha vida, porque né? Como a gente fica dramático quando afronta nossos grandes medos.

Mamãe, me tira daqui!!
No ponto mais alto - foto, é claro, tirada pelo Edu (porque Ana nem respirar mais conseguia)
Me senti em plena catarse, só que sem revelação nenhuma. Dramas à parte, 20 minutos depois, estávamos no chão, sãos e salvos. Se eu faria de novo? Com toda a certeza.

E, por fim: algo que valeu muito a pena ver em Londres foi a parada de ano novo chinês! Primeiro que eu nunca tinha ido a uma parada antes e fiquei toda encantada. Depois que realmente é cativante.

De acordo com o horóscopo chinês, esse ano é o ano do cavalo, o que significa que há de ser um ano bom para os nascidos em 1990. E esperanças de um bom ano nunca são demais.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...