- Na maior parte das escolas primárias/ensino médio daqui, o curso é integral, de segunda a sexta das 8 às 18 horas e sábado até às 13h.
- Tem aula no sábado mas, por algum motivo que a razão humana desconhece, não tem aula na quarta-feira. Seria para contribuir aos empregos das babás? (Nota: parece que isso vai mudar. E, já faz algum tempo, várias escolas passaram a ter aulas na quarta de manhã)
- O ensino de inglês parece ser bem deficiente. (Não, o francês não te responde em francês por antipatia, mas por timidez e dificuldade com a língua da rainha) A maior parte dos meus colegas no curso mais avançado de inglês da facul tem um sotaque difícil de entender (e a única que escapa é uma menina que morou até os 10 anos no Canada).
- As notas na escola vão de 0 a 20. Na minha faculdade, as notas vão de 0 a 10 e os calouros acham bizarro. No começo do ano, eu vi várias vezes coleguinhas que convertiam a nota para entender: "Tirei 6! Isso quer dizer... hum... 12!" Então tá, né.
- A França está no Hemisfério Norte, o que significa que as aulas
começam em setembro e terminam em junho. Quando o Natal vai chegando e
você sabe que só vai ter duas semaninhas dá um vazio. Maaaas...
- Os franceses têm fama de adorar as férias. E não é diferente na escola: são 5 (sim, cinco) férias por ano!
- A primeira é na Toussaint (dia de todos os santos, vulgo Halloween), de 1-2 semanas no fim de outubro.
- Depois tem as férias de Natal de 2 semanas;
- Em fevereiro/março, uma semana de férias de inverno (porque as férias do Natal não são no inverno... what?)
- Em abril/maio é mais uma semaninha de "férias de primavera" ou "férias de páscoa";
- E, por fim, as férias de verão em junho, que duram entre dois e três meses.
A cada dois meses temos férias. Muito bem pensado e feito pra que, quando os alunos começam a ficar de saco cheio, as férias vêm salvá-los.
- Por outro lado, tem bem menos feriados por aqui: são
onze feriados por ano, contando tudo (Natal, Ano Novo, Segunda de Páscoa
(sexta-feira santa é dia normal) etc). E nada de feriadão! Se o feriado cai na quinta, na sexta todo mundo vai pra aula e pro trabalho normalmente.
E para os trabalhadores, um "bônus": todo ano, tem um feriado (geralmente pentecostes) em que todo mundo tem que trabalhar de graça pra ajudar a previdência social.
 |
França em agosto: clima de cidade-fantasma |
- Aliás, aqui na França, TODO mundo entra de férias no verão. Todo mundo mesmo! A padaria, o açougueiro e o dono da lojinha de roupas e
eletrônicos da esquina fecham as portas e saem viajar, as emissões de
televisão param (colocam reprises ou programas feitos para as férias nesses dois meses), mesmo a circulação de jornais gratuitos entra em pausa, os trens e os ônibus passam em menor frequência... O que faz que a rentrée não se resuma a mães estressadas correndo atrás da lista de material escolar, mas sim um movimento épico que envolve todo o país.
- Dia de festa pra estudante universitário é a quinta-feira. Achei que não fazia o mínimo sentido ver vários colegas que não queriam esperar o fim de semana pra entrar de ressaca (e ainda que tem aula o dia inteiro e a gente tem que ficar cuidando pra que eles não despenquem)... mas o Edu enfim me esclareceu: quinta é o dia de festa porque a sexta-feira é o dia de pegar o trem pra ir passar o fim de semana com os pais. Faz sentido!
- Uma grande parte dos estudantes mora sozinho. Geralmente (dependendo da escola) não dá pra ter um trabalho ou um estágio ao mesmo tempo, mas os pais ajudam, o Estado ajuda, as bolsas ajudam. Tanto que os franceses estão entre os
europeus que saem mais cedo de casa.
- Nas universidades daqui, você estuda cinco anos e sai com diploma de mestrado. Tem dois tipos diferentes de mestrado, um mais teórico (geralmente nas universidades públicas) em que você tem que fazer uma monografia/tese (mémoire) e o das escolas privadas, em que você tem que fazer um enorme relatório de estágio no fim do curso.
- Neste último, geralmente há um estágio obrigatório por ano, que se faz durante as férias. Sobra mais tempo pra estudar durante o ano mas menos tempo para descansar no fim. É o curso que eu estou fazendo. Tenho medo, mas vamos ver no que vai dar.
- Minha impressão é que, mesmo com todas as férias e sem fazer estágio ao mesmo tempo, aqui se trabalha muito. Eu sei que eu trabalho muito mais do que tinha que fazer no meu curso direito no Brasil. Trabalho mais, mas me estresso menos: como muda quando a gente faz algo que realmente gosta!